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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

CAUSO

- O REDEMOINHO DE CURRAIS NOVOS -
Zelito Nunes
As cidades de Santa Cruz, Campo Redondo, Currais Novos, Acari, Jardim do Seridó e Caicó são todas belas cidades do sertão norte rio-grandense.
A cidade do Acari, no Seridó Oriental do Rio Grande, tem a fama de ser a mais limpa do Brasil, porque um artigo do Código de Posturas Municipais, lá dos idos de mil oitocentos e tantos, determinava que todo casal que habitasse na cidade tinha a obrigação de manter limpo o terreiro e o entorno da sua casa. A moda pegou e a população foi levando adiante o costume, que perdura até hoje.
Lá, todos vivem asseados e felizes, às margens da bela barragem de Gargalheiras, encravada no meio de montanhas.
Por lá, vivem o médico e belíssimo escritor e poeta Paulo Balá e o também poeta e filósofo do matutês, Jesus de Ritinha de Miúdo, este meu fraterno amigo das ondas generosas das internet.
Na cidade de Currais Novos, tem a história de uma ventania que passa religiosamente entre 12 e 12h30 do dia. É um vento forte que carrega tudo que vê pela frente e enche os olhos dos matutos menos avisados de ciscos.
E levanta as saias das moças menos avisadas.
Inácio passou por lá uma vez, com destino a Caicó, onde ia fazer Deus sabe o quê, quando viu que era dia de feira e que poderia vender ali o seu produto. E vendeu.
Só que perdeu tudo e mais um restinho que trazia pra viagem no carteado, para uns matutos infinitamente mais sabidos do que ele. Só restava, agora, convencer o motorista da velha “Rural” que fazia o trajeto Currais Novos-Caicó.
Era só jogar uma “lábia” e o motorista faria um fiado pra receber em Caicó.
Liso e com fome, Inácio foi procurar a Rural num beco que ficava perto do cassino.
– Quem disse que tinha mais Rural?
– Ah, seu Zé, saiu daqui indagorinha, se o senhor tivesse chegado um pouquinho antes, ainda tinha pegado ela, informou um dos negões carregadores que jogavam dominó na calçada da “rodoviária”.
– Mas tem mais carro pra Caicó?
– Tem não, senhor. Agora, só semana que entra, essa Rural só sai daqui uma vez por semana.
– E agora, sem dinheiro, sem nada, o que é que eu vou fazer?
Um dos negões, ainda foi benevolente:
– O senhor tem alguma bagagem?
– Tenho, não. Só essa pastinha aqui, debaixo do braço – respondeu Inácio esperançoso.
– Tá vendo aquele poste lá na esquina?
– Tô, sim!


– Apois o senhor fique lá em pé, que daqui pra mei-dia, mei dia e mei, passa o redemoinho de Currais Novos e vai deixar o senhor lá. Se brincar, o senhor inda chega primeiro do que a Rural.

 Enviada por: Tarcísio Pereira

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