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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

CAUSO

NOS TEMPOS DA REVOLUÇÃO
Por: Rolando Boldrin

Vejam só: até dos tempos da marfadada revolução tem causos pra gente contar. Esse que conto agora é dum camarada muito boateiro que tinha num bairro de São Paulo. O homem fazia boato de tudo. E isso era sempre num botequinho que ele freqüentava. Inventava coisas do governo militar, coisas de autoridades, zombava disso e daquilo outro.
Acontece que, desse barzinho gostoso de se trocar umas conversas de fim de tarde, um coronel que estava sempre à paisana era também um grande freguês. E, portanto, sabedor e até ouvinte assíduo do boateiro. Ninguém naquele boteco sabia que o coronel era coronel do nosso glorioso Exército... isso porque o dito cujo não fazia propaganda da farda. Era um cabra até que bem humilde e bom de papo.
Mas os boatos do tal amigo foram de certa forma chegando ao exagero e, com isso, no bom palavreado, foi enchendo o saco do bom militar. Daí o tal coronel resolve fazer uma brincadeira corretiva com o boateiro. E, pra isso, simula uma operação militar com jipes, metralhadoras e pessoal fardado, tudo combinado para simplesmente pregar uma boa peça no moço dos boatos, pois os vários boatos já estavam deixando a situação dos militares um pouco chata.
Pois bem. Era de tardezinha, nosso amigo dos boatos falava mal dos fardados e eis que, de repente surge aquela operação militar de araque.
Coronel (fardado e bravo) – O senhor está preso. Coloquem este indivíduo no camburão. O senhor vai ser julgado por júri militar e condenado, por causa dos boatos referentes ao Exército.
Levam o dito cujo, simulam um júri e a condenação: morte por fuzilamento.
Pois bem. Isso posto, lá está o nosso amigo num paredão e na sua frente 5 fuzileiros apontando armas (com festim, é claro).
Coronel– Apontarrr.... fogo!
Dispararam as armas e o susto foi o pretendido pelo coronel, que se aproxima do boateiro, ainda bravo:
Coronel – Isso é só pro senhor aprender a não falar mal das Forças Armadas. Entendeu? Fora daqui, sêo desocupado (e dá-lhe um último empurrão).
No outro dia, lá está o nosso querido boateiro, chegando à porta do mesmo botequim, para as conversas de sempre, regadas duma boa cachacinha.
Alguns clientes e amigos que tinham presenciado a prisão do nosso amigo no dia anterior se aproximam para saber das novidades, sobre o efeito da bronca do nosso militar.
Freguês – Então, Justino! Como foi lá no quartel? Conta aí pra gente as novidades...
O nosso amigo boateiro chama todos para perto de si para cochichar um último e criativo boato:
 

Boateiro (falando baixinho) – Olha, pessoal. Não contem pra ninguém. Mas o nosso Exército está totalmente sem munição.

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