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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

RIO GRANDE DO NORTE: A POLÍTICA


AZAR NO DIA 13 
 
Miguel Seabra Fagundes, quando interventor do Rio Grande do Norte foi a Parnamirim
esperar o Sr. Ubaldo Bezerra, que vinha do Rio de Janeiro para sucedê-lo na
Interventoria. Tendo assumido a Chefia do Executivo potiguar, logo após a derrubada do
Estado Novo, o Desembargador Seabra Fagundes, com rigorosa imparcialidade,
presidira, no Estado, as eleições  presidenciais de 2 de dezembro de 1945. Estava, agora,
ansioso para livrar-se do Poder.
Ainda no salão do aeroporto, falando baixo, confidenciava:
- Ubaldo, amanhã vou lhe passar a Interventoria.
- Não, de jeito nenhum! Amanhã é 13, dia de azar. Vamos deixar para daqui a uns três dias.
Depois de insistir, mostrando-lhe a inconsistência da superstição popular e já anunciada
na imprensa a solenidade de posse, Ubaldo concordou. E recebeu no dia 13 de fevereiro
de 1946, com a solenidade protocolar, a Interventoria do Estado.
Iniciava-se, então, uma das mais disputadas campanhas eleitorais para o Governo do Rio
Grande do Norte. De um alado, o PSD com o seu candidato, o Dr. José Augusto Varela. Do
outro, o Desembargador Floriano Cavalcanti de Albuquerque, apoiado pela UDN, e o PSP,
unidos, com o nome de Oposições Coligadas.
Caravanas percorriam o interior do Estado em campanha eleitoral. E chega      a Lagoa de
Montanhas, município de Pedro Velho, um carro de praça. Dele desembarcam Aluízio Alves,
Moacyr Duarte, Inácio Meira Pires e o acadêmico de medicina Fernando Ezequiel Fonseca.
De um palanque improvisado tentam falar ao povo ali aglomerado, mas são impedidos,
ameaçados por capangas a soldo do chefe político loca. Esta ostensividade odienta
terminou com o assassinato do Sr. Aristides Hortêncio, correligionário das Oposições
Coligadas. A notícia trágica espalha-se depressa, radicalizando ainda mais a campanha, já
intolerante e violenta. E a oposição procurou tirar partido do incidente culpando o Governo
Estadual. Aluízio em comício na praça Pio XII, falando ao povo, dramatizava, segurando
pelas extremidades a camisa ensanguentada do amigo assassinado:
- E  Eu vi Aristides morrer!...
O interventor, impotente para conter os excessos da


campanha eleitoral e
desejando desvincular-se da politicagem, foi substituído
 pelo General Orestes da Rocha Lima.
De longe, acompanhando as aperturas do Interventor,
o Desembargador Seabra Fagundes
lembrava-se do encontro no aeroporto,
quando Ubaldo Bezerra, supersticioso,
insistia em não tomar posse no dia 13, dia de azar.

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Do livro: "HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NA HISTÓRIA"
de autoria do Professor José de Anchieta Ferreira.
Impresso pela RN Gráfica e Editora Ltda. Natal - RN - 1989. 

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