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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

RIO GRANDE DO NORTE: A POLÍTICA

(RELATO DE MAIS UMA DAS "BREJEIRAS" NA POLÍTICA DO RN)
  
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O ÚLTIMO MANDATO 
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, quando Dix-Sept Rosado Maia e Manoel Varela de Albuquerque candidataram-se à sucessão de José Varela ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Enoch de Amorim Garcia, Diretor do Departamento de Agricultura, licenciou-se para disputar uma cadeira de Deputado Federal na legenda da UDN.
O seu compadre Sérgio Quirino, Administrador da Mesa de Rendas de São Tomé, numa demonstração de prestígio, lhe trouxe a grata notícia de que, sem lá aparecer durante a campanha eleitoral, Enoch fora bem votado, obtendo 118 votos. No dia seguinte, visivelmente revoltado, Olavo Lamartine, que o substituiu no Departamento de Agricultura, foi à sua residência com uma denúncia. Certos de que, pela apuração em curso, o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros não seria reeleito, os senhores Theodorico Bezerra, Dinarte Mariz, Aluízio Alves, Gentil Ferrreira e outros, reuniram-se na sede da "Tribuna do Norte", reunião da qual ele também participara, para, de comum acordo, transferirem os votos de Enoch para o veterano líder político, cuja saúde precária o impedira de participar da campanha. Olavo ficaria em Acari podando a votação de determinado candidato apoiado pela família Lamartine. Dicordando da "brejeira" (grifo nosso), Olavo foi lhe denunciar a manobra, sugerindo assinarem, em conjunto, uma representação ao Tribunal Regional Eleitoral. Mas, em homenagem ao velho parlamentar, e convencido de que a votação seria insuficiente para garantir-lhe uma cadeira de Deputado, Enoch nega a sua assinatura, discordando dessa representação ao Tribunal.

Nova visita ao seu compadre Sérgio Quirino, dessa vez sem a euforia de antes, lamentando que os seus 118 votos tenham minguado para apenas oito. O escrivão, Tota Assunção, a quem levou o seu protesto, respondeu não ter nenhuma culpa, apenas concordara com Theodorico Bezerra que, dizendo ser do conhecimento de Enoch, lhe pediu para fazer a transferência dos votos.

Divulgado os resultados da apuração, Enoch recebeu de Café Filho, recém-eleito Vice-Presidente da República, um telegrama de agradecimento, por haver, com a sua atitude, contribuído para a eleição de José Augusto à Câmara Federal.
Passado algum tempo o candidato depenado encontrou-se com o velho parlamentar, já no exercício do seu último mandato, na reta final de sua longa vida de homem público. Ao avistar o ex-Diretor do Departamento de Agricultura, José Augusto emocionou-se e de voz embargada, quase sem poder falar, lhe deu um abraço demorado e comovido, que o comoveu também.
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Do livro: "HISTÓRIAS QUE NÃO ESTÃO NA HISTÓRIA" de autoria do Professor José de Anchieta Ferreira. Impresso pela RN Gráfica e Editora Ltda. Natal - RN - 1989.

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