SEXTILHAS DIVERSAS
Pinto do Monteiro (*)
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Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que
sobe
tem outra ponta que
desce
e a volta que dá no
meio
nem todo mundo
conhece
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Esta palavra saudade
conheço desde criança
saudade de amor
ausente
não é saudade (é
lembrança)
saudade só é saudade
quando morre a
esperança
- - - - -
Aonde eu chego, não
vi
Mal que não
desapareça
Raposa que não se
esconda
Bravo que não me
obedeça
Letrado que não me
escute
Cantor que não
endoideça
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Cantar com quem canta
pouco
é viajar numa pista
com um carro faltando
freios
o chofer faltando a
vista
e um doido gritando
dentro
atola o pé motorista
- - - - -
Minha corda não se
estica
não se tora nem se
enverga
da terra pro
firmamento
meu pensamento se
alberga
em um lugar tão
distante
que lente nenhuma
enxerga
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Eu vou fazer uma casa
na Serra da Carnaíba
a frente pra
Pernambuco
as costas pra Paraíba
só pra não ver duas
coisas:
Nem Sumé, nem João
Furiba
- - - - -
Se quiser ganhar
dinheiro
Quando chegar em Sumé
Vista uma saia
apertada
Bote uma sandália no
pé
Mele a cara de batom
E se dane pro cabaré.
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Há vários dias que
ando,
Com o satanás na
corcunda:
Pois, hoje, almocei
na casa
Duma negra tão
imunda,
Que a prensa de
espremer queijo
Era as bochechas da
bunda!
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(*) Severino Lourenço da Silva Pinto
Um comentário:
Espetacular!
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