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sábado, 9 de agosto de 2014

POESIA POPULAR NORDESTINA

SEXTILHAS DIVERSAS
Pinto do Monteiro (Severino Lourenço da Silva Pinto)

Eu comparo esta vida
À curva da letra S:
Tem uma ponta que sobe
Tem outra ponta que desce
E a volta que dá no meio
Nem todo mundo conhece.
- - - - -
Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade (é lembrança)
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança.
- - - - -
Aonde eu chego, não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute
Cantor que não endoideça.
- - - - -
Cantar com quem canta pouco
É viajar numa pista
Com um carro faltando freios
O chofer faltando a vista
E um doido gritando dentro
Atola o pé motorista.
- - - - -
Minha corda não se estica
Não se tora nem se enverga
Da terra pro firmamento
Meu pensamento se alberga
Em um lugar tão distante
Que lente nenhuma enxerga.
- - - - -
Eu vou fazer uma casa
Na Serra da Carnaíba
Afrente pra Pernambuco
As costas pra Paraíba
Só pra não ver duas coisas:
Nem Sumé, nem João Furiba.
- - - - -
Se quiser ganhar dinheiro
Quando chegar em Sumé
Vista uma saia apertada
Bote uma sandália no pé
Mele a cara de batom
E se dane pro cabaré.
- - - - -
Há vários dias que ando,
Com o satanás na corcunda:
Pois, hoje, almocei na casa
Duma negra tão imunda,
Que a prensa de espremer queijo
Era as bochechas da bunda!
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