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sábado, 12 de abril de 2014

HISTÓRIA POLÍTICA DO RIO GRANDE DO NORTE

A CAMPANHA DE 1960

A campanha de 1960 foi a mais radical e a mais apaixonada já existente em toda a história política do Rio Grande do Norte. Aluízio Alves desde a eleição de Dinarte Mariz em 1955 já postulava a governadoria e para tanto vinha mantendo contatos diretos com a alta cúpula da União Democrática Nacional (UDN), onde exercia a função de Secretário Geral da Executiva Nacional.
Apontado pela imprensa nacional como um dos deputados mais atuantes da Câmara Federal, tendo vários projetos, requerimentos e pronunciamentos na defesa do desenvolvimento do Estado. Aluízio Alves considerava-se um candidato imbatível para concorrer pela UDN, como candidato ao Governo do Estado em 1960.  Aluízio Alves não admitia que nenhum colega da UDN pudesse interrompê-lo na marcha ao Palácio Potengi.
Os udenistas na época acreditavam que o próprio governador Dinarte Mariz não iria dá uma mancada, indicando outro nome para sucedê-lo. Teria que ser o nome de Aluízio Alves.
Dentro deste otimismo, Aluízio Alves já tinha chegado a declarar para os seus amigos no Rio de Janeiro e para a "grande imprensa", que já podia se considerar como candidato ao Governo do Estado nas próximas eleições. Com a morte dos senadores João Câmara e Georgino Avelino, ambos do Partido Social Democrático, dentro do PSD não tinha nenhum candidato que viesse fazer frente a sua candidatura.           
Mas dentro do Palácio Potengi a história era bem diferente, onde o então governador Dinarte Mariz já procurava outro nome para sucedê-lo. Este nome para Dinarte Mariz não podia ser o de Aluízio Alves. Apesar do próprio Dinarte em várias ocasiões ter confirmado para o Aluízio, que ele seria o candidato do partido nas próximas eleições ao Governo do Estado. Quando Dinarte Mariz chegou a afastar a candidatura de José Augusto ao Senado em 1958, tinha como objetivo de colocar a candidatura de Dix-Huit Rosado como candidato ao Senado, tirando dos Rosados, o direito de reivindicar a candidatura ao Governo do Estado para o próprio Dix-Huit Rosado ou de algum outro Rosado.
Na época em que começou a especulação em torno da sucessão de Dinarte Mariz, quando a imprensa começou a divulgar que o governador não aceitava a candidatura de Aluízio Alves, visto que queria Djalma Aranha Marinho como o seu sucessor, Aluízio Alves retornava ao Estado e na ocasião em que o avião em que viajava fez escala em Recife, um repórter do "Jornal do Comércio" da capital pernambucana, entrevistou Aluízio sobre a possível candidatura ao Governo do Estado. Na oportunidade Aluízio Alves confirmou que  independente da posição de Dinarte Mariz, ele já era candidato ao Governo do Estado. Caso continuasse pela ala governista a posição da não candidatura de Aluízio, ele sairia com a sua candidatura, através de uma ala dissidente da UDN que apoiava sua candidatura e os partidos de oposição, que até aquele momento não tinham candidato. Na verdade, o PSB já tinha o seu candidato Theodorico Bezerra, que poderia retirar a sua candidatura para apoiá-lo, apesar de serem inimigos políticos. Chegando a Natal, Aluízio anunciou oficialmente a sua candidatura e começou a contactar com o saudoso Clovis Mota, que na ocasião presidia o Partido Trabalhista Brasileiro no Estado. Com Djalma Maranhão foram feitos os mesmos contatos, visto que Djalma Maranhão estava disposto a sair candidato a prefeito de Natal, poderia ter saído governador, caso o seu partido o PSP não tivesse outro candidato para apoiar. Djalma Maranhão, aceitou a sua candidatura como Prefeito e de Luís Gonzaga como vice e apoiar Aluízio Alves ao Governo do Estado.
Naquela época Aluízio Alves mantinha semanalmente na Rádio Nordeste um programa denominado de "Conversa com o povo". Com o seu rompimento com o Governo do Estado foi obrigado a extinguir o referido programa naquela emissora, visto que a mesma era de propriedade de Dinarte de Medeiros Mariz. Com início da campanha, Aluízio Alves passou a fazer o referido programa na Rádio Poty diariamente, no horário compreendido das 11:30 às 11:45 horas.
Numa noite as escondidas, assim comentou à imprensa da época, "Aluízio Alves se deslocou para a fazenda de Theodorico Bezerra em Santa Cruz e fez um pacto com o presidente regional do PSD a fim de apoiá-lo para governador, desde que o vice fosse indicado pelo PSD".
Nesta mesma viagem Aluízio Alves chegou até Currais Novos e surpreendeu a todos, quando se hospedou na residência do então deputado estadual Radir Pereira do PTB e solicitou o seu apoio para a sua candidatura ao Governo do Estado.

Aluízio Alves começou a empolgar os eleitores e ao mesmo tempo começou a anunciar-se como um salvador da pátria, se dizendo candidato das esperanças e o único capaz de se preocupar com os pobres.
O mesmo colocou o verde como símbolo da sua campanha e com músicas que falavam das esperanças dos norte-rio-grandenses. Aluízio Alves iniciou a sua nova tática de fazer amizades com os seus inimigos políticos e com esto, ganhando as simpatias dos norte-rio-grandenses que já proclamavam como o redentos dos potiguares.
Com esta tática Aluízio Alves recebeu as adesões do então vice-governador José Varela, do PST, do presidente do Partido de Representação Popular dr. Clovis Travassos Sarinho, além das lideranças de Taipú, Nova Cruz, Apodi e Luiz Gomes.
O PSD indicava como companheiro de Aluízio Alves, Monsenhor Walfredo Gurgel, que com Aluízio Alves, caiu no gosto do povo.
Enquanto a popularidade de Aluízio Alves crescia, caia o índice de popularidade do então governador Dinarte de Medeiros Mariz e consequentemente do candidato oficial pela UDN, Djalma Aranha Marinho.
Os partidos que apoiavam Aluízio Alves receberam o nome de "Cruzada da Esperança". Denominação que logo pegou, enquanto que em Natal nas residências dos aluízistas passaram a ter uma bandeira verde, que simbolizava os votos existentes naquela unidade residencial.
A medida em que a política se desenvolvia era criado em todo o Estado um clima de guerra, onde a desavença passou a existir na hora em que as pessoas decidiam em quem ia votar. Neste período muitos namoros chegavam ao fim, sociedades eram desfeitas, pais passaram a brigar com os filhos e foram registradas grandes brigas entre os familiares.
O radicalismo em Natal era grande, e uma cidade que na época tinha apenas 50 mil eleitores e uma população pouco superior aos 120 mil habitantes.
Vale salientar que naquela época muitas residências foram pintadas pela cor verde, muitas pessoas do sexo masculino usavam camisas de cor verde, enquanto as moças e as jovens usavam saias ou blusas verde.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral foram os seguintes os resultados para governador: Aluízio Alves venceu em todo o Estado com uma maioria de 24 mil 378 votos sobre Djalma Aranha Marinho, Monsenhor Walfredo Gurgel venceu com uma maioria de 23 mil 645 sobre Vingt Rosado. Para Prefeito: Djalma Maranhão venceu sobre Luis de Barros com uma maioria de 10 mil 649 votos. Para vice-prefeito tivemos os seguintes resultados: Luiz Gonzaga (eleito), com 13 mil 936, Antonio Felix 6 mil 103, Rubens Massud 6 mil 130, Wellington Xavier 3 mil 713 e Severino Galvão com 2 mil 821.

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Do livro (texto na íntegra) "A HISTÓRIA DAS CAMPANHAS POPULARES NO RIO GRANDE DO NORTE", de autoria do jornalista e radialista JOSÉ AYRTON DE LIMA. Composto e Impresso na Cooperativa dos Jornalistas de Natal Ltda. Natal (RN) ano de 1987.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sem dúvidas, a mais revolucionária eleição da história política do RN!

Anônimo disse...

Sem dúvidas, a mais revolucionária eleição da história política do RN!